23 de juliol del 2008

Mistérios em cidades virtuais

[Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro, certificaçâo digital nº 0510598/CA]

O gènerenegre.net (
http://es.geocities.com/biblioteca_bobila/generenegre.html),
por exemplo, proporciona ao leitor um passeio, como escrito na página, pela biblioteca La Bòbila de L’Hospitalet (Barcelona). Por lá é possível encontrar uma série de autores divididos por ordem alfabética e uma seleção das, segundo o espaço, "melhores páginas" dedicadas ao policial na Internet. Numa lista, aparecem 71 links para sites dedicados ao gênero, em diferentes línguas. Eles são separados em subdivisões de acordo com o tema. Há, por exemplo, a indicação de sites sobre policiais com temática histórica, femininos (com detetives do sexo feminino ou escritos por mulheres), dedicados ao policial de humor e destinados a cultuar romances negros de minorias (com temática lésbica, escritos por autores negros, judeus etc).

Em MystNoir (http://mystnoir0.tripod.com/MystNoirDir/), presente na tal lista de romances negros de minorias da gènerenegre.net, o leitor encontra uma página dedicada a novelas de suspense escritas por afro-americanos. O objetivo é atualizar o internauta sobre recentes lançamentos. Na parte destinada à apresentação, a fundadora, Angela Henry, justifica a existência da página dizendo que sempre foi uma amante da literatura noir, mas ficava intrigada por só encontrar alguns personagens negros, como ela, nas histórias. No início dos anos 90, numa de suas muitas incursões a bibliotecas, ela descobriu uma grande autora negra de policiais e, nos anos seguintes, que mais e mais americanos afrodescendentes se aventuravam em escrever livros sobre o assunto. O espaço, portanto, divulga esta produção.

Observar estes endereços é como comprovar as teorias defendidas por Renato Ortiz, no texto “Globalização, modernidade e cultura” (2002). Os sites mostram um movimento no gênero policial de buscar um maior número de subdivisões e especializações. O fato parece refletir uma necessidade existente na sociedade de hoje. A personalidade dos indivíduos passou a ser composta por uma série de identidades. Muito mais do que pertencer a um grupo macro, que abarca as características e os traços de uma nação, ganha importância a identificação com pequenos grupos, minorias que se juntam em prol de interesses comuns. É o caso, por exemplo, de Angela Henry, fundadora do site MystNoir. Sua página defende sua personalidade e identidade.

A preocupação com o nacionalismo parece perder força. E, a ela, se agrega a existência de uma série de pequenos grupos com interesses comuns. Não é só fazer parte de uma nação, de uma cultura, mas também (e às vezes é até mais importante) pertencer a um grupo específico, se identificar com uma causa.

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